[Por Agência Estado]
Pressionado pelo ambiente econômico menos favorável, com a falta de mão de obra e medidas do governo para conter o avanço da inflação limitando os lançamentos, o segmento de imóveis novos começa a dar sinais claros de arrefecimento em São Paulo, principal mercado do País. Em contrapartida, cresce o segmento de imóveis usados, cujos preços têm registrado leve retração e abrem possibilidade de se negociar um desconto.
Em março, a venda de imóveis usados cresceu 7,14% na cidade de São Paulo na comparação com fevereiro, de acordo com pesquisa do Conselho Regional de Corretores de Imóveis do Estado de São Paulo (Creci-SP). No período, o preço médio caiu 2,13%. Mesmo com as vendas crescendo menos que em fevereiro, quando foi apurada alta de 35,77% sobre janeiro, o resultado surpreende por ocorrer mesmo com a interferência do feriado de carnaval.
Já a venda de imóveis novos caiu 16,2% no mesmo intervalo, segundo dados do Departamento de Economia e Estatística do Sindicato das Empresas de Compra, Locação e Administração de Imóveis Comerciais de São Paulo (Secovi-SP). Em relação a março do ano passado a retração é ainda mais expressiva, de 61,8%. Mesmo considerando efeitos sazonais, o que chama a atenção é que o desempenho do segmento tem sido inferior ao esperado pelo setor no início do ano. Além dos fatores econômicos, a entidade atribui parte desse resultado ao feriado de Carnaval, que neste ano ocorreu em março.
No acumulado do primeiro trimestre as vendas de imóveis novos recuaram 49,6% e os lançamentos mostraram retração de 18,7% em relação a igual período do ano anterior. Conforme o Secovi, o arrefecimento dos lançamentos do programa "Minha Casa, Minha Vida" também contribuiu para a piora nos indicadores de venda. Vale lembrar que, embora o teto dos valores dos imóveis que fazem parte da segunda etapa do programa tenha sido revisto, os limites de faixa da renda familiar permanecem os mesmos.
Outro exemplo de sucesso dos usados, na Pronto! Imóveis, subsidiária da LPS Brasil destinada ao mercado secundário de imóveis, as vendas saltaram quase 100% em março ante fevereiro. Em número de unidades, a empresa apresentou avanço semelhante no primeiro trimestre. Conforme José Augusto Viana Neto, presidente do Creci-SP, entre os principais fatores que têm impulsionado o segmento de usados está o preço, com o metro quadrado chegando a ser 25% mais barato que o de um imóvel novo. Outro ponto fundamental é o fator "pechincha" que envolve a compra de um usado e praticamente não existe quando se fala em um imóvel na planta ou que está prestes a ser entregue.
Embora não seja possível afirmar que há uma migração de público para o mercado de usados, o maior poder de negociação, a retração nos lançamentos, aliada a possibilidade de evitar problemas com atrasos na entrega beneficiam o segmento - pelo menos, enquanto os preços dos lançamentos permanecerem nos atuais níveis.